Seis voluntários ficarão cerca de um ano e meio trancados em “nave” improvisada para simular missão ao Planeta Vermelho.
Com idades entre 27 e 38 anos, os seis homens – três russos, um francês, um chinês e um italiano de origem colombiana – não são astronautas e não há perspectiva de que um dia deixem a Terra, mas a experiência poderá fornecer informações valiosas para uma missão real no futuro. O objetivo principal será determinar os efeitos psicológicos de um isolamento tão longo. Assim, para tornar a simulação a mais real possível, as comunicações entre a “tripulação” e o centro de controle serão essencialmente por e-mail e rádio, e o delay entre uma mensagem e a resposta aumentará gradativamente à medida que a viagem avançar, chegando a 40 minutos, tal como seria no espaço.
– Isto não é o Big Brother. Não haverá vigilância nem câmeras de vídeo em todos os lugares. Esperamos que não haja brigas nem escândalos – disse Jennifer Ngo-Anh, responsável pelo programa, uma iniciativa do Instituto de Problemas Biológicos e Médicos de Moscou, em colaboração com a Agência Espacial Europeia (ESA).
– Será um desafio para todos. Não poderemos ver nossas famílias, nossos amigos, mas acho que se trata, apesar de tudo, de um momento glorioso em nossas vidas – declarou um dos tripulantes, o chinês Wang Yue, 27 anos.
Entre os principais problemas que o grupo enfrentará está a falta de luz natural – a “nave” não tem janelas, e os 520 dias sob luz artificial devem afetar o sono, o metabolismo e o humor dos voluntários. A comida, semelhante à dos astronautas da Estação Espacial Internacional, precisará durar toda a “jornada”. Ou seja, não haverá lugar para excessos à mesa, mas uma pequena estufa vai complementar a dieta com tomates, morangos e outros vegetais. Banho, só de 10 em 10 dias. Para entretenimento, livros, DVDs e videogames – mas TV ao vivo está vetada. A instalação não é totalmente fechada, porém – ar e água virão de fora.
Tripulantes não enfrentarão a ausência de gravidade
A “nave”, com 180 metros quadrados, só voltará a ser aberta quando terminar a experiência, em novembro de 2011, ou em caso de emergência, se um dos tripulantes for forçado a abandoná-la ou pedir para sair. A área total do complexo é de 550 metros quadrados, porque inclui uma reprodução da superfície de Marte e um “módulo de pouso”, no qual três dos tripulantes passarão 30 dias, enquanto os demais permanecem “em órbita”.
A ausência de mulheres no experimento impedirá, no entanto, que se analisem as possíveis tensões sexuais que podem surgir em uma tripulação mista durante uma viagem tão longa. Os tripulantes da Marte 500 também não terão de encarar outros problemas enfrentados por astronautas de verdade, como a falta de gravidade e o possível excesso de radiação.
Moscou
Fonte: ZeroHora
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